“Como é o Amor? Ele tem mãos para ajudar os outros. Tem pés para apressar-se na direção dos pobres e necessitados. Tem olhos para enxergar a miséria e a privação. Tem ouvidos para ouvir os suspiros e os lamentos dos homens. Assim é o amor”

teorias do suicídio

Que tipo de pessoas os suicidas buscam antes de morrer?

Uma pesquisa, realizada por Luoma e associados, de quarenta estudos post-mortem (necropsias psicológicas) mostra que 45% dos suicidas tinham visto alguém da área médica, usualmente um clínico geral, no mês anterior à sua morte.

Tomando um período maior, um ano, três em cada quatro tinham buscado ajuda médica de algum tipo. Suicidas idosos tinham percentagens ainda mais altas.

A maioria talvez não buscasse auxílio por detectar tendências suicidas em si mesmos. Somente 19% dos suicidas buscaram ajuda na área da saúde mental (psicanalistas, psiquiatras, trabalhadoras sociais, psicólogos etc.) no mês anterior ao suicídio; no ano anterior, foram 30%.

O que esses dados nos dizem? Uma parte importante dos suicidas parece enfrentar problemas sérios de saúde, não necessariamente de saúde mental. Esse dado significa que muitos estão com problemas de saúde física, até mesmo de envelhecimento, e que a busca por esse tipo de profissionais de saúde significa que eles devem ser melhor treinados para detectar sinais de intenção suicida.

Assim, é verdade que um número substancial de suicidas passa por profissionais da saúde mental pouco tempo antes do suicídio; também é verdade que um número maior passa por profissionais de saúde que não são profissionais de saúde mental. São “pontos” importantes que devem ser fortalecidos na prevenção dos suicídios. Profissionais de saúde em geral – e não somente profissionais de saúde mental – devem ser treinados para ver os sinais de intenção suicida.

 

GLÁUCIO SOARES                   IESP-UERJ

 

 


A vida depois da escuridão

Publicada em 10/08/2011 às 19h04m no GLOBO

GLÁUCIO SOARES

Do balcão do 13º andar do Hyatt hotel, Elaine ouviu as vozes que diziam: “Vai! Pula! Não vai doer.” Elaine chegou a levantar o pé, mas ouviu outra voz, mais suave e doce: “Só vai ficar pior, muito pior, mas a decisão é sua.” Não pulou.

Dois dias mais tarde, Elaine, uma seguidora do irracional culto às armas nos Estados Unidos, estava, mais uma vez, cultivando a ideia do suicídio. Traduzindo do paper que ela própria escreveu (“A escuridão”): “Mais uma vez eu estava no mesmo estado de desespero. Fui ao closet e busquei a caixa com minha arma… Sentei no chão, com a arma numa mão e o carregador na outra. Na igreja falavam muito da presença de anjos protetores que se fazem sentir em situações de extrema necessidade. Essa presença é descrita como tranquilizadora e cheia de paz. Mas o que eu sentia sentada no chão com a arma na mão… era uma presença, muitas presenças, ao meu redor me apertando. Diziam: ‘Puxa o gatilho! Puxa o gatilho.’ Mas eu também ouvi outra voz que me dizia: ‘Todos os problemas têm solução, mas o que você pensa fazer não é uma solução. Não resolverá os problemas que você acha que tem e criará outros, muito piores. Você pode achar que é o fim da dor, mas não é. A dor e o desespero só vão aumentar. Se você deixar, eu ajudo você’.”

Elaine quase foi mais uma vítima cujo suicídio foi facilitado pela presença de uma arma em casa.

David Hemenway, da Harvard School of Public Health, demonstrou que a presença de armas em casa aumenta muito o risco de acidentes, homicídios e suicídios. Nos Estados Unidos, as pessoas se matam mais com armas de fogo do que com todos os demais meios somados. Elaine buscou ajuda das duas maneiras que ela conhecia: religiosa e psicológica. A psicológica foi dada por uma profissional, ainda que ligada à sua igreja. Para Elaine, religiosa, esse foi um embate clássico entre o Bem e o Mal; do ponto de vista das pesquisas sobre o suicídio, seguiu caminhos conhecidos, com história e explicação.

A história talvez tenha começado com o casamento dos pais, entre um homem forte, auto-centrado e dominante e uma mulher que é sua dependente em todos os sentidos. O pai mantinha a casa, e também era o pastor da igreja em que Elaine cresceu. Um workaholic, mais dedicado ao trabalho e à sua igreja do que à família. Elaine e a mãe eram coadjuvantes, figuras secundárias que viviam ao redor do macho Alfa. Problemas de saúde também contribuíram: devido a uma endometriose, Elaine fez uma histerectomia.

Sabia que não poderia ter filhos. Isso alterou a sua psicologia. Sua religiosidade e seu conservadorismo extremo (não podia usar shorts ou calças, ir ao cinema etc.) fizeram com que ela não soubesse lidar com homens, que buscasse um marido e casasse, virgem, seis meses depois de se conhecerem. O destino do casamento estava selado desde o início. Em pouco tempo as incompatibilidades cresceram. E veio o divórcio, que não reduziu o desejo de Elaine de construir uma família, nem de “ter” filhos. Repetiu o erro: casou pouco tempo depois, sem conhecer bem o noivo, George, que tinha dois filhos. George tinha um histórico de violência doméstica que ela não conhecia.

Viveram felizes dois anos, mas a atração pelo marido acabou e os problemas começaram. George queria que Elaine o satisfizesse frequentemente, não importa como. Quando Elaine não estava a fim, George a violava, usando de força, configurando o estupro doméstico. Do estupro e do abuso sexual à violência física a distância é curta. Foi somente quando os cortes e os hematomas apareceram que, com o auxílio intervencionista da família, Elaine se divorciou pela segunda vez.

Uma pesquisa recente (2009) informa que o abuso sexual é um indutor do suicídio, principalmente entre as mulheres. Bebbington e associados calcularam que zerar o abuso sexual na Grã-Bretanha acarretaria uma redução de 28% nos suicídios femininos.

Outras relações efêmeras não melhoraram o conceito que Elaine formara dos homens. Era o galinha que a abandonava depois de transar uma ou poucas vezes, deixando uma sensação de ser usada, multiplicada pela religiosidade, ou era o tipo cativante e promissor, que escondia que era casado. A descoberta era acompanhada da batidíssima explicação de que ele e a mulher “não tinham mais nada” e que só estavam juntos para proteger os filhos etc. A frustração de Elaine aumentava e a autoestima diminuía a cada fracasso afetivo.

No trabalho, Elaine conheceu Amanda, com um histórico semelhante. Se tornaram grandes amigas. Contaram e recontaram suas estórias pessoais e suas frustrações com os homens. Depois de uma festa de aniversário, Amanda a beijou e Elaine não correspondeu, mas não a impediu.

Em outro dia, Amanda insistiu: foi o início de uma relação de mais de três anos. Porém, o fundamentalismo religioso e o homossexualismo não combinam. Ir a uma sex-shop também não, nem viver com a amante. Elaine se afastou da igreja. Não conseguia conviver com a contradição. Stark e Lester analisaram dados referentes a quase 1.700 pessoas, concluindo que a aprovação do suicídio por qualquer razão se reduz com a frequência à igreja. O afastamento aumenta o risco.

Contudo, a relação mudou. Amanda, claramente a dominante, se tornou controladora, ciumenta e conflitiva. Havia um acordo, explícito, muito importante para Elaine, de segredo, indispensável porque trabalhavam no mesmo lugar. Após uma briga, Amanda revelou a quem quisesse ouvir a sua estória de amor com Elaine, a filha do pastor. Moravam na casa de Amanda, que expulsou Elaine de casa.

Elaine se sentiu traída por quem mais havia confiado. Os dias seguintes no escritório foram infernais. Risinhos, cochichos, deboches e até desafios à autoridade de Elaine que tinha a seu cargo uma subchefia.

Poucos dias depois, houve uma conferência no hotel Hyatt, onde esse artigo começou. Elaine redefiniu a sua vida, dedicando-se com maior afinco à sua profissão e também à religião. Ela continua a ver o que aconteceu como um embate entre o Bem e o Mal, que o Bem venceu, mas deixa amplo espaço para a terapia e a resolução dos seus problemas com a família.

Como muitas que sobreviveram a tentativas de suicídio, ou que pensaram seriamente em fazê-lo, superada a crise, Elaine percebeu que tinha outras funções e missões importantes. Circula no estado da Flórida, ajudando pessoas com necessidades nutritivas. Aconselha-as e as defende diante de seguradoras que não querem cumprir o contrato. Aos quase cinquenta anos, finalmente, Elaine se deu conta de que muitos deixaram de sofrer porque ela existe.

GLÁUCIO SOARES é sociólogo e pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio (Uerj).

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2011/08/10/a-vida-depois-da-escuridao-925107661.asp#ixzz1VaEw2ShB
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O COMPLEXO DE AGAR

Chamemos, por conveniência, de “complexo de Agar”, uma síndrome que inclui, com freqüência, uma sensação de onipotência, de poder agüentar e segurar a barra de outros quase sem auxilio e de segurar a própria barra sem qualquer auxílio. Essa atitude deixa a pessoa muito vulnerável, seja aos espíritos negativos, aos demônios ou à doença mental, dependendo do ponto de vista de quem a analise. Com freqüência inclui aqueles que ajudam muito ao próximo e nada a si mesmos. A negação da sua própria vulnerabilidade o define. A onipotência é parte do complexo.
A inspiração para esse termo veio durante uma palestra num centro espírita, baseada em mensagem psicografada por Chico Xavier em 1943. Mesmo sendo católico, atendo serviços religiosos em diferentes denominações e sonho com o dia em que todas as igrejas do bem trabalhem juntas pelo bem.  Agar amava e ajudava o próximo, mas precisava e não buscou ajuda: se suicidou aos 33 anos. 

A fé católica alerta sobre a tentação do suicídio. Nem os santos escapam: Elias pediu a Deus que o levasse; a tentação de St­o. Antonio foi elegantemente descrita por Flaubert. Porém, a postura da Igreja é clara como se lê na primeira carta aos Coríntios: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.”(3: 17). O suicídio é visto como uma forma de homicídio. Talvez por isso, a relação negativa entre religião e suicídio, particularmente entre o catolicismo e o suicídio, seja uma das mais conhecidas.

Passando para os olhares das pesquisas psiquiátricas, sublinho duas doenças mentais, freqüentemente relacionadas, mas não iguais, que aumentam o risco de suicídio. Harris e Barraclough demonstraram que, na Grã Bretanha, o risco de suicídio das pessoas bipolares era quinze vezes o da população total. É um aumento gigantesco. Alguns dados sobre a bipolaridade ajudam a entender o peso que os que enfrentam essa doença carregam, sobretudo se não se tratam: poucos têm, apenas, um episódio de mania. Noventa por cento têm mais de um. Sem tratamento, a média é de oito a dez episódios sérios durante a vida. Entre os episódios, os sintomas diminuem, mas em um entre cada quatro casos os pacientes continuam instáveis e com depressão leve ou moderada.

O suicídio não é a única conseqüência negativa e mensurável da bipolaridade: mulheres bipolares perdem, na média, nove anos na expectativa de vida, doze anos de saúde normal e quatorze anos de produtividade, incluindo não apenas as grandes crises, mas as minicrises e depressões do quotidiano.

Tudo muda com o tratamento. Baldessarini, Tondo e Hennen afirmam que o tratamento reduz dramaticamente o sofrimento e o risco de suicídio, que é oito vezes menor do que o dos bipolares que não se tratam. O tratamento dá certo, mas deve ser permanente, “para sempre”. Porém, um dos comportamentos mais comuns e perniciosos é suspender o tratamento quando o paciente, julgando por alguns sintomas, “acha” que está permanente ou momentaneamente curado e o interrompe. A maioria dos bipolares interrompe o tratamento após um ano. Há, nisso, um dos componentes do Complexo de Agar, que consiste em se adjudicar o conhecimento e o direito de decidir seu próprio tratamento, particularmente quando termina uma etapa depressiva.

A depressão, outra doença mental, é mais comum e menos letal.  Sane estima que na Grã-Bretanha 3 a 4% dos homens e 7 a 8% das mulheres enfrentam uma depressão moderada ou séria em algum momento da vida. Porém, as estimativas da incidência e da prevalência de depressão variam muito de país para país. Weissman, Bland e Canino estudaram dez países e as taxas de depressão séria variaram entre 1,5% em Taiwan e 19% em Beirute. Entre as muitas diferenças, duas semelhanças: a idade da primeira experiência depressiva (concentrada entre 25 e 35 anos) e as taxas femininas são mais altas do que as masculinas.

A depressão também aumenta o risco de suicídio. Na Irlanda, segundo Patrick McKeon, o risco na população total é de 1,3% (em toda a vida), ao passo que entre os que sofrem de depressão profunda é de 6% – um paciente em cada 17.

Kessing , Agerbo e Mortensen trabalharam dados dinamarqueses e pesquisaram que tipo de acontecimentos estressantes podem provocar internações por razão psiquiátrica relacionada à bipolaridade. A morte de um familiar aparecia, intuitivamente, como uma forte razão. Descobriram que não era, exceto as mortes por suicídio. Ou seja, as pessoas, inclusive as bipolares, lidam com a morte de seres queridos, mas não com a morte por suicídio. O suicídio deixa uma esteira de sofrimento e pode levar a outros suicídios.

Para os que crêem no espiritismo, os suicidas têm consciência da destruição que causaram: “E seu coração carinhoso pode avaliar com que lágrimas venho lavando o remorso de não ter pensado mais, diz Agar à mãe” E, há reconhecimento do perdão, ainda que não merecido: “todavia, também sei que sua alma generosa me perdoou setenta vezes sete vezes.”

Um perigo cerca as pessoas cuja vida ou profissão consiste em ajudar outras pessoas. São muitas profissões e atividades que caracterizam os caregivers. As doenças degenerativas e irreversíveis são as mais pesadas para quem cuida dos pacientes.  São muitas.

Devido à necessidade de cuidado permanente e à redução ou falta total de recursos, o tratamento pode começar nos hospitais, mas, esgotadas as economias, acaba ficando nas mãos da família, cujos membros não foram treinados para tal. A filha de um casal, Lisa, descreve como a saúde mental da mãe deteriorava pari passu com a saúde física do pai. Mais e mais deprimida, a mãe deu sinais, repetidas vezes, falando do seu desejo “de ir embora e não voltar nunca mais”. Expressão relacionada com fuga, deserção, mas também com suicídio. O que alertou Lisa para essa possibilidade foi o suicídio “inesperado” de um sobrinho. Tinha dado muitos sinais, mas ninguém viu. Lisa se conscientizou a partir daí. Leu, e aprendeu que os caregivers profissionais são aconselhados a tirar férias, fazem rotações e se afastam quando a barra fica pesada demais, mas os familiares têm pouca margem para manobra. Como tirar “férias” do pai, parceiro ou filha doente? O envolvimento de Lisa talvez tenha salvo a vida da mãe. Deu o alerta que faltava.

A construção de uma rede de proteção para detectar e tratar casos de depressão e de bipolaridade pode ser um dos procedimentos mais difíceis e necessários para tratar com esses problemas na população. Se os pacientes não buscam o tratamento, é importante que o tratamento busque o paciente.  Rihmer, Rutz e Pihlgren desenvolveram um programa na pequena ilha sueca de Gotland. Treinaram os agentes de saúde, inclusive médicos privados, a detectar os sintomas de bipolaridade e de depressão, tratando-os com medicamentos. O resultado foi uma expressiva baixa na taxa de suicídios femininos, mas não masculinos. Em muitos lugares programas preventivos reduziram significativamente as taxas. Idealmente, essa rede de detecção e proteção pode ser ampliada de maneira a incluir professoras, policiais, familiares e mais. Porém, o treinamento de todo o sistema de saúde para esse fim está muitas décadas de desenvolvimento institucional adiante de nós.

GLÁUCIO ARY DILLON SOARES

IESP/UERJ

 


Suicídios de jovens e adolescentes: alguns fatores de risco


Quais são os fatores de risco de suicídio entre adolescentes? Como saber? Uma estratégia é comparar os dados dos suicidas com os de um grupo controle, com algumas características iguais – as que definiram a amostra de suicidas. Brent et al pesquisaram os documentos de 140 suicidas menores de 16 anos e os compararam com um grupo controle de 131 pessoas. Buscaram identificar fatores de risco. Os fatores com mais peso foram:

*
doenças mentais sérias (mood disorders);
*
psicopatologia paterna ou materna;
*
história de abuso e violência contra a vítima;
*
disponibilidade de arma de fogo e
*
tentativas anteriores de suicídio.

Esses fatores aumentavam o risco de suicídio. O uso de drogas (isoladamente ou em comorbidade com outras psicopatologias) pesavam mais entre os com mais idade. Ideações e intenções suicidas eram mais frequente entre os jovens com mais idade. Os homens tinham um risco mais alto, em parte devido à forma que escolhida – mais adolescentes do sexo masculino usaram armas de fogo.1
1Age and sex-related risk factors for adolescent suicide Brent D.A.; Baugher M.; Bridge J.; Chen T.; Chiappetta L. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry Volume 38, Issue 12 1999 Pages 1497-1505.

Suicídios de jovens e adolescentes: alguns fatores de risco

Quais são os fatores de risco de suicídio entre adolescentes? Como saber? Uma estratégia é comparar os dados dos suicidas com os de um grupo controle, com algumas características iguais – as que definiram a amostra de suicidas. Brent et al pesquisaram os documentos de 140 suicidas menores de 16 anos e os compararam com um grupo controle de 131 pessoas. Buscaram identificar fatores de risco. Os fatores com mais peso foram:

  • doenças mentais sérias (mood disorders);

  • psicopatologia paterna ou materna;

  • história de abuso e violência contra a vítima;

  • disponibilidade de arma de fogo e

  • tentativas anteriores de suicídio.

Esses fatores aumentavam o risco de suicídio. O uso de drogas (isoladamente ou em comorbidade com outras psicopatologias) pesavam mais entre os com mais idade. Ideações e intenções suicidas eram mais frequente entre os jovens com mais idade. Os homens tinham um risco mais alto, em parte devido à forma que escolhida – mais adolescentes do sexo masculino usaram armas de fogo.1

1Age and sex-related risk factors for adolescent suicide Brent D.A.; Baugher M.; Bridge J.; Chen T.; Chiappetta L. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry Volume 38, Issue 12 1999 Pages 1497-1505.


Reduzir os suicídios, dificultando o acesso aos meios

David Lester, há muito tempo dedicado ao estudo do suicídio e do homicídio, comentou que, tradicionalmente, os métodos usados em políticas de redução das taxas de suicídio eram a criação de centros de prevenção e tratamento de pessoas com certas doenças mentais, particularmente as mais relacionadas com o suicídio, bipolaridade e depressão, com medicamentos e psicoterapia. Essas estratégias funcionavam bem com indivíduos, mas atingiam poucos suicidas potenciais, e seu efeito nas taxas de populações mais amplas era mínimo.
Isso levou Lester e outros a buscar outras diretrizes mais eficientes para basear as políticas públicas de redução dos suicídios. A mais relevante é dificultar o acesso a modos comuns usados nos suicídios. A inspiração veio da Inglaterra, objeto da proposta de Stengel (1964) que propôs que a mudança no gás usado nas casas foi crucial para a redução das taxas nacionais de suicídio. Não obstante, foi outro pesquisador, Kreitman quem, em 1976, demonstrou que a redução tinha sido o resultado da purificação do gás do carvão, amplamente usado nas residências inglesas. A percentagem do letal monóxido de carbono no gás derivado do carvão foi zerada. Em 1953 era 13%.
Ampliando essa estratégia, parte de uma política exitosa consiste em verificar quais as maneiras mais comuns de suicídio, reduzindo a sua disponibilidade.

 



Mudanças frequentes e suicídio de adolescentes

Há uma escala de estresse na vida que inclui muitas mudanças, inclusive as consideradas boas, como casar com alguém que se ama e nos ama. Mas a tendência é clara: quanto mais mudança na nossa vida, tanto mais estresse e, secundariamente, os problemas associados com o estresse.

Embora, na maioria dos países estudados, a taxa de suicídios tenda a subir com a idade, sobretudo com as idades avançadas, em vários ela sobe na adolescência e na maturidade jovem. Entre esses, em alguns ela desce depois, na maturidade, em outros não. O que explicaria esse crescimento, nos lugares em que ele acontece? Talvez comecemos a responder essa difícil pergunta, cuja resposta necessariamente inclui muitos fatores, comparando quem não se suicida com quem se suicida (ou tentam seriamente). Uma pesquisa desse tipo acaba de ser feita na Dinamarca.

O que descobriram? Que quanto mais a família se mudava de um lugar para outro, maior o risco de suicídio. Adolescentes entre 11 e 17 anos que mudaram dez ou mais vezes tinham um risco de tentar o suicídio quatro vez mais alto do que os que se mudaram que não se mudaram; os que se mudaram menos, entre de três a cinco vezes ficavam no meio: o dobro dos que nunca se mudaram e a metade dos que se mudaram dez vezes ou mais. Por conveniência de pesquisa, somente os que se mudaram de uma residência para outra na mesma rua não foram computados como mudanças.

O pesquisador principal, Dr. Ping Qin, do Centre for Register-Based Research na Aarhus University, está consciente de que a relação não é causal nem direta. As mudanças que trazem outras mudanças, como de escolas e grupos de amigos, são mais drástica. Eu hipotetizo que mudar entre lugares conhecidos é menos estressante do que para lugares desconhecidos.

Há muitas endogenias possíveis. As famílias que se movem mais podem ser menos estáveis como famílias, também podem enfrentar mais problemas financeiros, variáveis que afetam diretamente os adolescentes.

Esse estudo confirma outros que revelam que as crianças e adolescentes que mudam muito de residência têm mais alto risco de doenças mentais. Há outras variáveis que também são afetadas: o rendimento na escola, o risco de abandono da escola, assim como a sexualidade prematura.

Fonte: The Archives of General Psychiatry.

Escrito por Gláucio Soares


Suicídios em Cuba

Um dos resultados das análises que fiz com dados a respeito de mortes violentas se refere à ampla variação das taxas entre unidades menores de um país, estado, departamento, província etc. Cuba não é exceção: há muita variância entre as províncias e dentro delas. Não obstante, Cuba tem uma taxa baixa de homicídios e, paradoxalmente, a taxa de suicídios mais alta da América Latina-
O gráfico ao lado mostra as taxas de suicídio em municípios da província de Pinar del Rio, em Cuba. Os dados originais foram organizados por Ana Carmen Valdés Vento e Marco A. Montano Díaz ” >Mortalidad por suicidio en la provincia de Pinar del Río” Rev Cubana Med Gen Integr 2003;19(1).

As taxas variaram entre literalmente zero (não houve suicídios)
no município de Sandino a 26 em Viñales.

 


Cultura machista e homicídio/suicídio

Um caso recente ilustra a combinação entre variáveis mentais, circunstanciais e culturais num homicídio/suicídio (HS). Ocorreu em Surat, na Índia. Kajal Savani, a mãe, tinha problemas mentais parcialmente derivados das deficiências da filha, Priyanka, que era surda-muda e tinha (ou lhe atribuíam) deficiências mentais. Numa cultura em que mulheres sãs são cidadãs secundárias, as com deficiências enfrentam pesados problemas adicionais. Em algumas culturas, há instituições, públicas e privadas, que ajudariam a educar Priyanka e ajudariam a família a enfrentar esses problemas. Infelizmente, o status de mulher conta, e muito, na Índia e parte da cultura ainda integra o futuro da mulher ao de um homem, sem o qual não há futuro possível.

A família não enfrentava problemas financeiros. Encaro esse H/S como outro exemplo dos danos de uma cultura extremamente machista. Os aspectos culturais se revelaram também na maneira que Kajal selecionou para matar a filhinha e se matar: encharcou ambas com querosene e ateou fogo. Trabalhei muito nesse tipo de homicídio – acompanhado ou seguido de suicídio – e os resultados estão publicados em

SOARES, Gláucio Ary Dillon. Matar e, depois, morrer. Opin. Publica, 2002, vol.8, no.2, p.275-303. ISSN 0104-6276.

O artigo pode ser baixado através do Scielo


As cartas de suicidas

Em 1992, Leenars analisou cartas, notas e mensagens de suicidas. Poucos anos depois, uma enfermeira psiquiátrica, Sharon M. Valente,tomou as hipóteses de Leenars como orientação e analisou vinte e cinco notas de suicidas, comparando-as com as deixadas por outras que tentaram, mas não morreram. Há concordância em quer as duas populações são bem diferentes.
O universo examinado por Valente era consituídos por pessoas que estavam internadas em um hospital psiquiátrico. Não era amostra aleatória de suicidas, nem dos que tentaram, porque todos estavam internados.
Valente concluiu que a maioria envia sinais e que há importantes diferenças entre os dois grupos, os que morreram e os que sobreviveram. Não são farinha do mesmo saco. A maioria enviou/deixou mensagens.
O que as mensagens diziam? Falavam de quê?      

  • de sofrimento psicológico;
  • de relações pessoais
  • de rejeição-agressão

As notas suicidas são uma área muito difícil de pesquisar. Não obstante, podem salvar vidas e evitar muito sofrimento. Os que tratam de pacientes psiquiátricos (assim como seus parentes e amigos próximos) precisam ser treinados – muito bem treinados – para identificar quais os pacientes que estão enviando sinais suicidas.

Fonte: Clinical Nursing Research, Vol. 3, No. 4, 393-413 (1994)


Reduzindo o estresse

A Universidade de Iowa tem um excelente serviço de aconselhamento psicológico que produziu um manual para reduzir o estresse 

  • O primeiro passo é identificar o que provoca estresse atualmente e como você está lidando com esses estressores.
  • Como identificar?
    • Compile uma lista de coisas e condições que estão produzindo estresse na sua vida.
    • GADS: Usualmente, a primeira tarefa é gerar uma lista, ainda não é priorizar seus ítens.
    • O que entra nessa lista? Tudo o que te estressa, coisas como pressões na escola ou no trabalho; mudar de casa; pagamento de contas; uma conversa chata com uma pessoa etc. 
    • GADS: Se quizer, pode organizar a lista por importância, por facilidade de solução etc. Se não quizer, deixe a lista como está.
    • Faça um exame sério e honesto a respeito de como tu tens (ou costumas) lidar com situações estressantes. Avalia se são respostas saudáveis ou não; se contribuem para solucionar os problemas ou para piorá-los. Veja alguns exemplos: Respostas saudáveis e respostas não saudáveis

      saudável:-exercitar, fazer uma longa caminhada (reduz o estresse) –
    • Não saudável: beber.
      saudável:-criar tempo para se cuidar melhor e se preparar para a situação
    • Não saudável: evitar o evento; não enfrentar situações que precisam ser enfrentadas.
    • exemplo: visita ao médico – saudáveis – se preparar para a visita, fazer uma lista dos sintomas, fazer uma lista dos remédios que está tomando, fazer uma lista das dúvidas e perguntas; não saudáveis – não ir ao médico, fingir que o problema não existe, não comprar ou tomar o remédio.
    • mais exemplo de estresse: não equilibra sua vida (trabalha demais OU trabalha pouco; não se diverte OU se diverte demais e trabalha pouco)
    • saudável:-equilibrar sua vida, reservando tempo razoável para o trabalho, a família e a diversão. Aceitar que não dá para fazer tudo. Fazer uma agenda, aperfeiçoá-la e seguí-la;
    • Não saudável: empurrar com a barriga, não enfrentar os problemas, comer demais.

Esse é o início da redução do estresse.


As Relações entre a Idade e o Suicídio

As Relações entre a Idade e o Suicídio não são as mesmas em todas as culturas,em todos os países, em todos os tempos. Não obstante, há padrões. Padrões, por definição, se repetem. Estudando o suicídio entre os homens portugueses, de 1980 a 2002, verifiquei que o que acontece em Portugal se encaixa no padrão quase-linear. Não é estritamente retilinear porque a taxa aumenta nos grupos superiores de idade. Em verdade, talvez devêssemos construir os padrões a partir do valor das derivadas segunda, porque em muitos países eles tendem a aumentar com a idade, mas a aceleração nas idades maiores varia muito entre os países. O chamado padrão húngaro exibe uma alta aceleração, mas muitos países se caracterizam pelo aumento das taxas com a idade, mas não aumentam tanto nos intervalos superiores de idade. O conhecimento dessa relação pode nos ajudar a formular políticas públicas que sejam mais adequadas. Muitas coisas acontecem com a idade, como o aparecimento de mais doenças, taxas mais altas de viuvez, em muitos países maiores problemas financeiros; em outros, como o Brasil, somente para os que não estão vinculados ao setor público, particularmente o setor público federal.
Esse conhecimento nos permite adequar as políticas públicas às necessidades dos grupos-alvo. Uma política de prevenção do suicídio e de preservação da vida requer essas informações, mas esses subsídios não existirão enquanto nossos sociólogos se satisfizerem com citar autores clássicos, particularmente Dürkheim, sem pesquisar as características dos suicídios.


Comparação Internacional das Taxas de Suicídio

DADOS DA OMS

http://www.who.int/sysmedia/images/shim.gif
http://www.who.int/sysmedia/images/browncurve_left_tab.gif

Taxas de Suicídio (por 100,000 hbs.)

http://www.who.int/sysmedia/images/browncurve_right_tab.gif
http://www.who.int/sysmedia/images/shim.gif

Por PAÍS, ANO E GÊNERO

http://www.who.int/sysmedia/images/shim.gif
Última Informação Disponível em Maio de 2003.

País

Ano

Homens

Mulheres

ALBANIA

00

2,4

1,2

ANTIGUA E BARBUDA

95

0,0

0,0

ARGENTINA

96

9,9

3,0

ARMENIA

00

2,5

0,7

AUSTRALIA

99

21,2

5,1

AUSTRIA

01

27,3

9,8

AZERBAIJÃO

00

1,2

0,4

BAHAMAS

95

2,2

0,0

BAHRAIN

88

4,9

0,5

BARBADOS

95

9,6

3,7

BIELORUSSSIA

00

63,6

9,5

BÉLGICA

96

29,4

10,7

BELIZE

95

12,1

0,9

BOSNIA E HERZEGOVINA

91

20,3

3,3

BRASIL

95

6,6

1,8

BULGARIA

00

25,2

9,1

CANADA

98

19,5

5,1

CHILE

94

10,2

1,4

CHINA (Selected rural & urban areas)

99

13,0

14,8

CHINA (Hong Kong SAR)

99

16,7

9,8

COLÔMBIA

94

5,5

1,5

COSTA RICA

95

9,7

2,1

CROÁCIA

00

32,9

10,3

CUBA

96

24,5

12,0

REPÚBLICA CHECA

00

26,0

6,7

DINAMARCA

98

20,9

8,1

REPÚBLICA DOMINICANA

94

0,0

0,0

EQUADOR

95

6,4

3,2

EGITO

87

0,1

0,0

EL SALVADOR

93

10,4

5,5

ESTÔNIA

00

45,8

11,9

FINLÂNDIA

00

34,6

10,9

FRANÇA

99

26,1

9,4

GEÓRGIA

00

4,8

1,2

GERMANY (ALEMANHA)

99

20,2

7,3

GRÉCIA

99

5,7

1,6

GUATEMALA

84

0,9

0,1

GUIANA

94

14,6

6,5

HONDURAS

78

0,0

0,0

HUNGRIA

01

47,1

13,0

ISLÂNDIA

97

19,1

5,2

INDIA

98

12,2

9,1

IRÃ

91

0,3

0,1

IRLANDA

99

18,4

4,3

ISRAEL

97

10,5

2,6

ITÁLIA

99

11,1

3,4

JAMAICA

85

0,5

0,2

JAPÃO

99

36,5

14,1

JORDANIA

79

0,0

0,0

CAZAQUISTÃO

99

46,4

8,6

KUWAIT

00

1,6

1,6

KYRGYZSTÃO

99

19,3

4,0

LATVIA

00

56,6

11,9

LITUÂNIA

00

75,6

16,1

LUXEMBURGO

01

23,9

10,7

MALTA

99

11,7

2,6

MAURITIUS

99

21,1

9,5

MÉXICO

95

5,4

1,0

NETHERLANDS (HOLANDA)

99

13,0

6,3

NOVA ZELÂNDIA

98

23,7

6,9

NICARÁGUA

94

4,7

2,2

NORUEGA

99

19,5

6,8

PANAMÁ

87

5,6

1,9

PARAGUAI

94

3,4

1,2

PERU

89

0,6

0,4

FILIPINAS

93

2,5

1,7

POLÔNIA

00

25,9

4,9

PORTUGAL

00

8,5

2,0

PORTO RICO

92

16,0

1,9

REPUBLICA DA CORÉIA

00

18,8

8,3

REPÚBLICA DA MOLDÓVIA

00

26,7

4,1

ROMÊNIA

01

20,8

3,9

RÚSSIA

00

70,6

11,9

SAINT KITTS E NEVIS

95

0,0

0,0

SANTA LÚCIA

88

9,3

5,8

SAINT VINCENT E AS GRENADINES

86

0,0

0,0

SAO TOME E PRINCIPE

87

0,0

1,8

SEYCHELLES

87

9,1

0,0

SINGAPURA

00

12,5

6,4

ESLOVAQUIA

00

22,6

4,9

ESLOVÊNIA

99

47,3

13,4

ESPANHA

99

12,4

4,0

SRI LANKA

91

44,6

16,8

SURINAME

92

16,6

7,2

SUÉCIA

99

19,7

8,0

SUIÇA

99

26,5

10,0

SÍRIA

85

0,2

0,0

TAJIKISTÃO

99

4,2

1,6

TAILÂNDIA

94

5,6

2,4

TFYR MACEDÔNIA

00

10,3

4,5

TRINIDAD E TOBAGO

94

17,4

5,0

TURKMENISTÃO

98

13,8

3,5

UKRAINE

00

52,1

10,0

UNITED KINGDOM (REINO UNIDO)

99

11,8

3,3

UNITED STATES OF AMERICA

99

17,6

4,1

URUGUAI

90

16,6

4,2

UZBEKISTÃO

98

10,5

3,1

VENEZUELA

94

8,3

1,9

IUGOSLÁVIA

90

21,6

9,2

ZIMBÁBUE

90

10,6

5,2

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1.Os dados mostram a tremenda variância entre países nas taxas de suicídio;

2.Mostram, também, que, com exceção das áreas rurais da China, o suicídio é mais freqüente entre os homens do que entre as mulheres;

3.Mostram, também, que a relação entre as taxas masculina e feminina varia muito entre os países.

http://www.who.int/sysmedia/images/shim.gif


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Armas de fogo, idade e suicídio

 

Nos Estados Unidos, a presença de arma em casa é particularmente perigosa para os jovens. Birckmayer e Hemenway (2001) analisaram dados de duas fontes: os General Social Surveys de vários anos realizados pelo National Opinion Research Center, por um lado, e os dados de suicídio foram calculados a partir do National Health Statistics Mortality File. [i] Outras variáveis preditivas foram retiradas de fontes estatísticas federais.

A taxa de suicídios nos Estados Unidos, como no Brasil, mudou pouco de 1979 a 1994, oscilando, na maioria dos anos, entre 15 e 16 por cem mil habitantes. A percentagem dos suicídios que foram cometidos com armas de fogo é, comparativamente muito alta e também é relativamente estável, próxima a 60%. Estável e alta.

Os defensores das armas de fogo argumentam que a decisão do suicídio é inexorável e que, vedada a arma de fogo como instrumento, os suicidas estariam fadados a tentá-lo usando outros meios. Ou seja, a presença e/ou propriedade de armas de fogo seria irrelevante para o suicídio. Ele aconteceria de qualquer maneira. A pesquisa de Birckmayer e Hemenway contradiz esse suposto, pois encontrou uma correlação bivariada de 0,42 entre a percentagem das residências com armas de propriedade dos seus ocupantes e as taxas de suicídio. A associação é mais elevada, 0,60, com a taxa de suicídios com armas de fogo – como seria de esperar.  Em verdade, os dados dizem que uma queda de dez por cento na taxa de propriedade de arma de fogo na residência provocaria uma baixa de 3% na taxa de suicídios.

Os autores controlaram variáveis que se correlacionam com a taxa de suicídios: taxa de divórcios, educação, desemprego e urbanização. Controlando por idades, a taxa de propriedade de arma de fogo na residência[ii], a taxa de divórcios e a medida de educação são as variáveis que continuam a ter um valor preditivo numa regressão múltipla.


[i] Ver “Suicide and Firearm Prevalence: are Youth Disproportionately Affected?” em Suicide and Life-Threatening Behavior(11) Fall 2001.

[ii] Os autores usaram o logaritmo da taxa.


Armas de fogo, idade e suicídio

Nos Estados Unidos, a presença de arma em casa é particularmente perigosa para os jovens. Birckmayer e Hemenway (2001) analisaram dados de duas fontes: os General Social Surveys de vários anos realizados pelo National Opinion Research Center, por um lado, e os dados de suicídio foram calculados a partir do National Health Statistics Mortality File. [i] Outras variáveis preditivas foram retiradas de fontes estatísticas federais.

A taxa de suicídios nos Estados Unidos, como no Brasil, mudou pouco de 1979 a 1994, oscilando, na maioria dos anos, entre 15 e 16 por cem mil habitantes. A percentagem dos suicídios que foram cometidos com armas de fogo é, comparativamente muito alta e também é relativamente estável, próxima a 60%. Estável e alta.

Os defensores das armas de fogo argumentam que a decisão do suicídio é inexorável e que, vedada a arma de fogo como instrumento, os suicidas estariam fadados a tentá-lo usando outros meios. Ou seja, a presença e/ou propriedade de armas de fogo seria irrelevante para o suicídio. Ele aconteceria de qualquer maneira. A pesquisa de Birckmayer e Hemenway contradiz esse suposto, pois encontrou uma correlação bivariada de 0,42 entre a percentagem das residências com armas de propriedade dos seus ocupantes e as taxas de suicídio. A associação é mais elevada, 0,60, com a taxa de suicídios com armas de fogo – como seria de esperar. Em verdade, os dados dizem que uma queda de dez por cento na taxa de propriedade de arma de fogo na residência provocaria uma baixa de 3% na taxa de suicídios.

Os autores controlaram variáveis que se correlacionam com a taxa de suicídios: taxa de divórcios, educação, desemprego e urbanização. Controlando por idades, a taxa de propriedade de arma de fogo na residência[ii], a taxa de divórcios e a medida de educação são as variáveis que continuam a ter um valor preditivo numa regressão múltipla.

[i] Ver “Suicide and Firearm Prevalence: are Youth Disproportionately Affected?” em Suicide and Life-Threatening Behavior (11) Fall 2001.

[ii] Os autores usaram o logaritmo da taxa.


Armas de fogo, idade e suicídio

 

Nos Estados Unidos, a presença de arma em casa é particularmente perigosa para os jovens. Birckmayer e Hemenway (2001) analisaram dados de duas fontes: os General Social Surveys de vários anos realizados pelo National Opinion Research Center, por um lado, e os dados de suicídio foram calculados a partir do National Health Statistics Mortality File. [i] Outras variáveis preditivas foram retiradas de fontes estatísticas federais.

A taxa de suicídios nos Estados Unidos, como no Brasil, mudou pouco de 1979 a 1994, oscilando, na maioria dos anos, entre 15 e 16 por cem mil habitantes. A percentagem dos suicídios que foram cometidos com armas de fogo é, comparativamente muito alta e também é relativamente estável, próxima a 60%. Estável e alta.

Os defensores das armas de fogo argumentam que a decisão do suicídio é inexorável e que, vedada a arma de fogo como instrumento, os suicidas estariam fadados a tentá-lo usando outros meios. Ou seja, a presença e/ou propriedade de armas de fogo seria irrelevante para o suicídio. Ele aconteceria de qualquer maneira. A pesquisa de Birckmayer e Hemenway contradiz esse suposto, pois encontrou uma correlação bivariada de 0,42 entre a percentagem das residências com armas de propriedade dos seus ocupantes e as taxas de suicídio. A associação é mais elevada, 0,60, com a taxa de suicídios com armas de fogo – como seria de esperar.  Em verdade, os dados dizem que uma queda de dez por cento na taxa de propriedade de arma de fogo na residência provocaria uma baixa de 3% na taxa de suicídios.

Os autores controlaram variáveis que se correlacionam com a taxa de suicídios: taxa de divórcios, educação, desemprego e urbanização. Controlando por idades, a taxa de propriedade de arma de fogo na residência[ii], a taxa de divórcios e a medida de educação são as variáveis que continuam a ter um valor preditivo numa regressão múltipla.


[i] Ver “Suicide and Firearm Prevalence: are Youth Disproportionately Affected?” em Suicide and Life-Threatening Behavior(11) Fall 2001.

[ii] Os autores usaram o logaritmo da taxa.


Doenças e tentativas de suicídio

As tentativas de suicídio tem sido pesquisadas mundo afora. Nos artigos técnicos as tentativas são chamadas de parasuicídios. Para pesquisar bem esse fenômeno, usando instrumentos comparáveis, os europeus desenvolveram um questionário chamado de European Parasuicide Study Interview Schedule – EPSIS. Uma pesquisa aplicou o questionário a 1.269 pessoas que tentaram o suicídio, com 15 anos ou mais de idade, logo depois da tentativa (até uma semana depois). O questionário é longo e inclui perguntas sobre a saúde física e mental. Os resultados mostram que muitas pessoas que tentam o suicídio têm problemas de saúde. Uma em cada duas sofria de algum tipo de doença aguda ou crônica, que reaparecia logo antes da tentativa de suicídio, sugerindo que há uma relação causal. As pessoas com doenças físicas tinham depressões sérias com mais freqüência do que as demais, particularmente entre as maduras, ainda mais do que as idosas. Um momento particularmente negativo era quando uma doença crônica reaparecia, a “volta” da doença que muitos julgavam curada. Dos doentes, 42% afirmaram que a doença precipitou a tentativa e 22% que era uma das principais causas. Os fisicamente doentes que os fatores mentais – sintomas e desordens – haviam sido importantes estímulos para a tentativa. As doenças físicas, incluindo cânceres, problemas cardíacos e derrames, são condições importantes na determinação da tentativa de morrer.
Esses resultados mostram que médicos e enfermeiras devem ter um cuidado especial com os seus pacientes porque são muitos suscetíveis à sedução suicida.
O estudo foi feito por pesquisadores da Universita Degli Studi di Padova. Physical illness and parasuicide: Evidence from the European parasuicide study interview schedule (EPSIS/WHO-EURO)


Doenças e tentativas de suicídio

As tentativas de suicídio tem sido pesquisadas mundo afora. Nos artigos técnicos as tentativas são chamadas de parasuicídios. Para pesquisar bem esse fenômeno, usando instrumentos comparáveis, os europeus desenvolveram um questionário chamado de European Parasuicide Study Interview Schedule – EPSIS. Uma pesquisa aplicou o questionário a 1.269 pessoas que tentaram o suicídio, com 15 anos ou mais de idade, logo depois da tentativa (até uma semana depois). O questionário é longo e inclui perguntas sobre a saúde física e mental. Os resultados mostram que muitas pessoas que tentam o suicídio têm problemas de saúde. Uma em cada duas sofria de algum tipo de doença aguda ou crônica, que reaparecia logo antes da tentativa de suicídio, sugerindo que há uma relação causal. As pessoas com doenças físicas tinham depressões sérias com mais freqüência do que as demais, particularmente entre as maduras, ainda mais do que as idosas. Um momento particularmente negativo era quando uma doença crônica reaparecia, a “volta” da doença que muitos julgavam curada. Dos doentes, 42% afirmaram que a doença precipitou a tentativa e 22% que era uma das principais causas. Os fisicamente doentes que os fatores mentais – sintomas e desordens – haviam sido importantes estímulos para a tentativa. As doenças físicas, incluindo cânceres, problemas cardíacos e derrames, são condições importantes na determinação da tentativa de morrer.
Esses resultados mostram que médicos e enfermeiras devem ter um cuidado especial com os seus pacientes porque são muitos suscetíveis à sedução suicida.
O estudo foi feito por pesquisadores da Universita Degli Studi di Padova. Physical illness and parasuicide: Evidence from the European parasuicide study interview schedule (EPSIS/WHO-EURO)


Dormir mal é viver pouco

A Universidade de Minnesota acompanhou perto de três mil homens com mais de 67 anos. Usaram uma pulseira, chamada actigraph, que registrava seus ritmos biológicos 24 horas por dia. Fizeram isso durante uma semana (é uma deficiência da pesquisa por ser um período curto). Até janeiro de 2008, 180 idosos desse grupo tinham morrido.

Um conceito fundamental nessa pesquisa é o da hora de máxima atividade,quando nossa atividade está no auge e o outro o de ritmos sarcadianos, que são ritmos de nossos corpos – variam com a hora do dia e com a estação.Pois bem, os que tinham picos (auges) muito cedo ou muito tarde tinham morrido mais. Em verdade, a taxa de mortalidade deles foi muito mais alta.

Misti Paudel, responsável pela pesquisa, enfatiza a necessidade de rotinas diárias e que acordar cedo demais ou dormir muito tarde afetam a saúde. Resultados semelhantes foram obtidos com pacientes de câncer e de Alzheimer’s, mas o grupo estudado era de idosos em boa saúde. Uma boa noite de sono é um dos preditores mais importantes da saúde das pessoas. É preciso levar o sono em sério. A falta de um bom padrão no sono se associa com a depressão, com problemas de memória, problemas com a concentração durante o dia e aumenta o risco de obesidade, problemas cardiovasculares, inclusive derrames, e diabete.

Isso implica em tomar medidas com eficiência demonstrada na determinação de um bom sono e evitar as que perturbam o sono. Não se trata de falar a respeito, de ficar neurótico com o sono, mas de consultar um especialista em problemas de sono (eles existem) e não um clínico geral e tomar as medidas adequadas para garantir um bom padrão de sono.

Mais importante ainda é ter ritmos diários robustos: muita atividade durante o dia e nenhuma durante a noite. À noite, só sono. A presença de ritmos robustos reduz muito o risco de morte.

Esses resultados foram apresentados ontem à Associated Professional Sleep Societies Conference. Buscar em http://www.umn.edu/


Tentativas de suicídio entre pessoas deprimidas

Pesquisadores canadenses decidiram analisar as correlatas do suicídio entre pessoas com depressão. Entre os que sofrem de depressão, o que mais se associa com as tentativas de suicídio? Usaram dados de uma ampla pesquisa (mais de 43 mil pessoas), chamada National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions (NESARC), feita em 2001 e 2002.  O interessante é que os autores misturaram variáveis sócio-demográficas, variáveis psiquiátricas e sintomas específicos da depressão. Usualmente, pesquisadores que trabalham com um tipo de variáveis tendem a subestimar os outros. Das 43 mil, um pouco mais de cinco mil tinham uma história de depressão que cobria boa parte da vida. 865 tinham uma história de tentativas de suicídios e 4.263 não tinham. Os pesquisadores tentaram explicar as diferenças usando regressões logísticas. Os resultados mostram que essas tentativas são mais comuns entre pessoas com renda baixa , entre hispânicos </span><span e entre jovens. Há, também, importantes variáveis psicológicas e psiquiátricas. A presença de ansiedade e de desordens de personalidade, assim como de dependência química (incluíndo álcool) se relacionavam significativamente com uma história pessoal de tentativas de suicídio , para cada uma delas. Porém, havia diferenças entre os gêneros. Em homens, as tentativas estavam associadas a uma desordem chamada de personalidade dependente que aumentava em quase quatro vezes o risco de tentativas de suicídio – razão de risco ajustada = 3,81; 95% CI = 1,14 to 12,73); porém, entre as mulheres, as tentativas estavam mais associadas com desordens anti-sociais de personalidade (razão de risco ajustada = 2,71; 95% CI = 1,72 to 4,25). Essa condição aumentava o risco em quase três vezes (2,71). O poder preditivo dessas variáveis é grande: a “desordem da personalidade dependente” previa as tentativas de suicídio em quase três quartos dos homens deprimidos. O sintoma mais associado com tentar suicídios – tanto entre homens quanto entre mulheres – é o sentimento de não valer nada, de inutilidade (feelings of worthlessness). Esse sentimento aumentava o risco de tentativa de suicídio em 5,48 vezes entre os homens e 4,93 entre as mulheres.
Esse estudo demonstra que, mesmo entre pessoas com depressão, há várias características que aumentam o risco de tentar o suicídio. Os deprimidos não são uma massa homogênea. Conhecer as diferenças dentro desse grupo aumenta nosso poder explicativo.
“Exploring the Correlates of Suicide Attempts Among Individuals With Major Depressive Disorder: Findings From the National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions”, em J Clin Psychiatry, 2008 May 27.


Você e seu médico. Quando o desconhecimento do seu médico pode lhe matar.

Alguns leitores se perguntarão porque insisto em que seus urólogos e oncólogos usem a internet e saibam Inglês (apenas leitura). Há uma grande quantidade de pesquisas sendo realizadas e várias inovações são reveladas cada ano; esses resultados são apresentados em reuniões, simpósios, seminários e conferências e através de publicações. As apresentações feitas nessas conferências são disponibilizadas pela internet e, quase sempre, são em Inglês. Muitas revistas apresentam versões online adiantadas. Veja,por exemplo, as reuniões profissionais dos últimos meses cujos trabalhos são disponibilizados e comentados pela internet:AUA 2008 – The American Urological Association 2008 Annual Meeting May 17 – 22, 2008 Orlando, Florida, USA EAU 2008 – European Association of Urology 23rd Annual EAU Congress March 26-29, 2008 Milan, Italy SUFU 2008 – Society for Urodynamics and Female Urology (SUFU) 2008 Winter Meeting – Joint meeting with ISPiN, GURS and GUS February 28- March 2, 2008 Hyatt Regency – Miami, Florida, USA ASCO GU 2008 – American Society of Clinical Oncology (ASCO) The Genitourinary Cancers Symposium 2008 Genitourinary Cancers Symposium – A Multidisciplinary Approach February 14-16, 2008 San Francisco, California, USA WUF 2008 – Winter Urologic Forum Thirty Second Winter Urological Forum – State-of-the-Art in Urology January 25-29, 2008 Vail Marriott Mountain Resort and Spa Vail, Colorado, USA SUO 2007 – Society of Urologic Oncology 2007 Winter Meeting November 29 – December 1, 2007 Natcher Conference Center, National Institutes of Health – Bethesda, Maryland AUA NY 2007 – American Urological Association New York Section 105th Annual Meeting Buenos Aires, Argentina November 10th – 16th, 2007 WCE 2007 – World Congress of Endourology (WCE) 25th World Congress of Endourology and SWL October 30th – November 3rd, 2007 Cancun, Mexico URS 2007 – Urological Research Society – 2007 Urological Research Society Meeting October 25th – 28th, 2007 Napa, California, USA ASRM 2007 – American Society for Reproductive Medicine (ASRM) 63rd Annual Meeting Capitalizing on Innovations in Reproductive Health Care October 13-17, 2007 Washington Convention Center – Washington, DC, USA SIU 2007 – 29th Congress of the Societe International d’Urologie SIU 2007 – Optimizing Clinical Outcomes in Prostate and Renal Cell Carcinomas The Second Annual Symposium on Advanced GU Malignancy September 2-6, 2007 Palais des Congres de Paris, France Evidentemente, há muitas reuniões de associações profissionais somente nessa especialidade médica. É impossível comparecer a todas. Os médicos não fariam outra coisa, indo de um congresso para outro. A solução é se manter ao dia lendo os trabalhos e resumos pela internet – que estão em Inglês. E quem não participa, não lê Inglês e não usa a internet? Passa a ser um usuário secundário, terciário ou pior das informações. Vai a reuniões no país, onde esses resultados e conhecimentos são retransmitidos. Esses são os secundários. Ou fica dependendo de uma conversa casual com alguém que foi. Esses são os terciários. Ou não faz nada disso e fica parado no tempo. Podem passar cinco, dez, vinte anos até que incorporem o conhecimento à sua prática clínica. Seus pacientes são tratados com a medicina de cinco, dez, vinte anos atrás. É um quadro que vale para qualquer área do conhecimento. Câncer, derrames, AVC’s, TIA’s, criminologia, prevenção dos suicídios, psicoterapia e assim por diante. O gráfico mostra o número de páginas encontráveis na internet por idioma – sobre câncer. São mais de vinte e dois milhões de páginas em Inglês e aproximadamente meio milhão cada em Português, Francês ou Espanhol. Quem não ler em Inglês perde a grande maioria das informações sobre urologia, oncologia, câncer da próstata etc.

O cérebro dos idosos

Talvez as melhores sejam de que os idosos são mais livres de raivas e ódios do que os jovens. A estabilidade emocional tende a aumentar.

A GUERRA DOS NEURÔNIOS: temos perto de cem bilhões de neurônios… Muitos acham que milhares ou milhões morrem diariamente. Não é verdade, mas eles enconlhem e isso prejudica a rapidez do raciocínio. Além disso, produzimos quantidades menores de neuro-transmissores. Neuro-transmissores são compostos químicos que levam informações de uma célula nervosa a outra. O fluxo de sangue também se reduz – perdemos entre 15% e 20% dos trinta aos setenta.

A estabilidade emocional tende a aumentar. Os velhos irritadiços e mal-humorados não são irritadiços e mal-humorados porque são velhos, mas porque são doentes. Uma pesquisa pequena feita na Austrália (com apenas 142 pessoas) de 12 a 79 mostrou maior estabilidade e emoções mais positivas – mas a amostra era de pessoas com boa saúde física e sem antecedentes de doenças mentais. Fizeram ressonância magnética com eles, para avaliar as reações quando viam rostos com expressões diferentes. O local do cérebro que respondia a esses estímulos mudou com a idade, da amídala cerebral para o córtex prefrontal medial.

A revisão feita pela Johns Hopkins conclui que o negativismo não é parte do envelhecimento e sim de doenças que afetam muitos idosos: curadas as doenças, acaba o negativismo.



Depressão e genética

Como saber se a gente herda a depressão dos pais ou se aprende a depressão com eles? Os que negam totalmente a genética afirmam que a depressão é aprendida e só. É aí que os estudos com gêmeos e com adotados passam a ser muito importantes.
O que eles mostram?

  • Primeiro, que os adotados cujos pais biológicos sofrem ou sofreram de depressão tem risco mais alto de terem episódios depressivos do que outros adotados, cujos pais biológicos não sofrem nem sofreram de depressão. A aprendizagem não explica isso.
  • As pesquisas com gêmeos são ainda mais convincentes. Entre gêmeos identicos (univitelinos), se um dos irmãos tiver episódios depressivos o risco de que o outro irmão os tenha é mais alto do que com irmãos não identicos, bivitelinos.
  • Isso não quer dizer que, mesmo entre gêmeos idênticos, se um irmão tiver episódios depressivos o outro está condenado a tê-los também. Somente em 40% dos casos os dois irmãos idênticos experimentam episódios depressivos. Os irmãos idênticos tem, apenas, risco mais alto de ter episódios depressivos do que os não idênticos quando o outro irmão tiver episódios depressivos.
  • Ter risco genético mais elevado não significa que a depressão não é tratável, controlável ou curável.
    Esse raciocínio se aplica a outros tipos de conduta e problemas parcialmente genéticos e parcialmente aprendidos.

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