“Como é o Amor? Ele tem mãos para ajudar os outros. Tem pés para apressar-se na direção dos pobres e necessitados. Tem olhos para enxergar a miséria e a privação. Tem ouvidos para ouvir os suspiros e os lamentos dos homens. Assim é o amor”

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SOLIDÃO E ENVELHECIMENTO COGNITIVO

O nível de funcionamento cognitivo dos idosos não é igual nem semelhante. Longe disso. Varia muito. O que explica essa ampla diferença?

Não é um problema “acadêmico”. Tem profundas implicações para a qualidade de vida dos idosos e, também, para a expectativa dos mais jovens. O que sobrará para eles quando chegarem aos 70 ou 80? Idosos cognitivamente aptos, na minha opinião, podem e devem trabalhar – em interesse próprio.

A solidão é um fato importante na vida de todos, particularmente na vida dos idosos. Indo diretamente ao extremo, a solidão tem uma associação com o suicídio que foi demonstrada em muitos países, classes, regiões, etnias e culturas diferentes. Resolvi brincar de criativo e chamei de solicídio os suicídios intimamente associados com a solidão.

As funções e a capacidade cognitivas estão associadas com muitas coisas, não apenas à capacidade de trabalhar, mas também de cuidar de si e de suas necessidades, de aprender (que é um processo continuo, o que varia é a velocidade), de poder interagir com outros, inclusive familiares, como netinhos e netinhas, ler, estudar, se manter ativo, além do místico conceito de entender o mundo.

Recentemente, Boss, Kang e Branson publicaram uma revisão sistemática das relações entre a solidão e as funções cognitivas. Os resultados que relatam são consistentes.

Primeiro, vamos dar uma ideia de como fizeram a pesquisa. Fizeram uma revisão dos trabalhos disponíveis eletronicamente, fossem quantitativos, qualitativos ou quali-quanti, publicados do início de 2000 a meados de 2013. Se limitaram à população com idade ≥ 60 anos.

O que descobriram?

Descobriram que o efeito da solidão é catastrófico. A mais solidão, pior o funcionamento cognitivo; menos habilidades cognitivas, maior redução do QI, processamento mais lento de ideias e problemas, pior desempenho na memória de curto prazo e na de longo prazo também.

Arghh! É um massacre da inteligência!

Metodólogos, tranquilos! Não é uma associação derivada da associação comum com terceiros fatores de tipo demográfico ou psicossociais. Depois de controlar esses fatores, a solidão continua afetando negativamente nossas capacidades intelectuais.

“Enter” Lênin: o que fazer?

O que podemos fazer para combater nossa própria solidão? E a dos outros, particularmente daqueles que podemos influenciar e ajudar?

E o Estado, o município, o….?

Podemos, claro, pensar em vários tipos de atividades e iniciativas a partir do poder público que reduziriam a solidão de muitos idosos. Políticas públicas inteligentes fazem exatamente isso. Em tempos de crise, com um estamento político que só olha para o seu próprio umbigo e o seu próprio bolso (ou melhor, contas bancárias porque tanto dinheiro não cabe nem no bolso de Gulliver), não acontecerá nada. Morreremos esperando.

A iniciativa tem que ser nossa.

 

GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ

 

Saiba mais:

Loneliness and cognitive function in the older adult: a systematic review, em Int Psychogeriatr. 2015 Apr;27(4):541-53. doi: 10.1017/S1041610214002749. Epub 2015 Jan 2.


O cérebro dos idosos

Talvez as melhores sejam de que os idosos são mais livres de raivas e ódios do que os jovens. A estabilidade emocional tende a aumentar.

A GUERRA DOS NEURÔNIOS: temos perto de cem bilhões de neurônios… Muitos acham que milhares ou milhões morrem diariamente. Não é verdade, mas eles enconlhem e isso prejudica a rapidez do raciocínio. Além disso, produzimos quantidades menores de neuro-transmissores. Neuro-transmissores são compostos químicos que levam informações de uma célula nervosa a outra. O fluxo de sangue também se reduz – perdemos entre 15% e 20% dos trinta aos setenta.

A estabilidade emocional tende a aumentar. Os velhos irritadiços e mal-humorados não são irritadiços e mal-humorados porque são velhos, mas porque são doentes. Uma pesquisa pequena feita na Austrália (com apenas 142 pessoas) de 12 a 79 mostrou maior estabilidade e emoções mais positivas – mas a amostra era de pessoas com boa saúde física e sem antecedentes de doenças mentais. Fizeram ressonância magnética com eles, para avaliar as reações quando viam rostos com expressões diferentes. O local do cérebro que respondia a esses estímulos mudou com a idade, da amídala cerebral para o córtex prefrontal medial.

A revisão feita pela Johns Hopkins conclui que o negativismo não é parte do envelhecimento e sim de doenças que afetam muitos idosos: curadas as doenças, acaba o negativismo.